Após um longo hiato, estamos de volta com as entrevistas com artistas e profissionais da ilustração, quadrinhos e afins. Nesta "reestreia", temos uma ótima entrevista com o ilustrador, roteirista e arte finalista de quadrinhos, Edde Wagner. Acompanhe abaixo um pouco de sua trajetória no mercado de quadrinhos e ilustração, o que pensa sobre o cenário atual, seus novos projetos e muito mais!
1 - Como se deu o início de sua
carreira como desenhista/ilustrador? Você sempre sonhou
trabalhar na área ou as coisas
aconteceram sem um planejamento exato visando entrar neste mercado?
Eu sempre gostei de desenhar e de criar (escrever). Já tinha desde criança
isso em mente, estava sempre criando diversos personagens.Eu adorava Histórias em Quadrinhos, principalmente da Turma do Lambe Lambe,
do Daniel Azulay. Eu tenho alguns até hoje!
Este gosto pela leitura (leio muito, quase compulsivamente) eu herdei de
minha mãe.
Eu trabalhava no Estúdio Artecomics- Eu fazia LETRAS e TÍTULOS das
revistas da Editora Abril - quando começou o BOOM desta participação dos
brasileiros no mercado americano. Aí larguei a faculdade de Letras que estava
fazendo e decidi entrar neste mercado. Comecei com arte-final em 1992/93 (Faz tempo!). Eu não deixei este mercado ainda. Estou por aí, mas produzindo menos.
3 - Atualmente sua produção está
voltada em grande parte ao mercado de ilustração para
livros didáticos. Quando você
decidiu se aventurar neste segmento e quais os desafios
enfrentados para conseguir os
primeiros jobs e mais que isso, se manter neste mercado tão
concorrido?
Em 1997 eu montei um estúdio com o Al Stefano chamado HQZARTE. Íamos
às livrarias, anotávamos os telefones das Editoras e ligávamos atrás dos
Editores de arte. Na verdade, faço isso até hoje. Rsrs. O Rogério Soud me passou alguns
dos primeiros contatos, também.Os primeiros testes não deram muito certo.
Tínhamos a linguagem mais voltada para HQs e alguns Editores de Arte nos deram alguns
toques no início.Com o tempo e experiência eu consegui disfarçar
um pouco meus vícios trazidos de HQs. Mas só um pouco. Ainda tenho a mania de
encher minhas ilustrações com detalhes sem importância.
4 - A rotina de ilustrador é bem
corrida, e é comum que os pedidos de ilustrações sejam
sempre com prazos apertados .
Como você resolve e organiza a produção das artes para estes clientes, já que
normalmente os pedidos chegam em lotes de 20 ou 30 imagens (as vezes mais)?
Eu sempre fui rápido porque trabalhava com Quadrinhos. Não acho os
prazos apertados, não.
Eu sou bem desorganizado. Sento e vou desenhando, nada de mais. Mas eu
tenho a mania de fazer os desenhos mais divertidos primeiro. Isso já me causou
alguns problemas, como me esquecer de fazer alguns desenhos que deixei para
depois.
Arlem, onde tive o prazer de
participar como agenciado em um projeto de cards para a
MARVEL. Como surgiu essa idéia,
quais os pontos bons e ruins ou fáceis e difíceis deste
empreendimento? Como anda a
produção do estúdio?
Acabamos decidindo trabalhar em separado, embora o estúdio ainda
exista. O Renato é um grande amigo, nos falamos quase diariamente.
Tivemos muitos problemas com alguns artistas. Este foi o lado ruim.
O lado bom era trabalhar com o Renato. Aprendia muito com ele, é um
excelente desenhista. Mas eu sou muito falador e intenso.O Renato é mais
reservado. Coitado dele, Rsrs.
6- Além de ilustrar, você também
é roteirista e já escreveu várias histórias da Turma da Mônica para a Maurício
de Sousa Produções. O que lhe dá mais prazer: ilustrar ou escrever roteiros?
Quais os macetes para criar histórias envolventes, divertidas e que se
enquadrem no Padrão MSP?
Eu sempre gostei mais de ESCREVER. Comecei como Roteirista, e sempre
fiz roteiros para vários estúdios, não só a MSP. Fiz até Faculdade de Letras,
pois achava que este seria minha verdadeira vocação.
Mas eu confesso que nunca deu muito certo. Acho que não sou muito
talentoso, paciência.
Macetes na MSP? Acho que lá, assim como em outros meios de comunicação,
trabalhar com criança tem que SURPREENDER, sempre. E a surpresa vem das
reviravoltas nas histórias. Hoje em dia, em qualquer filme ou série de tevê ou
novela, isso acontece o tempo todo, não só para crianças. Temos vidas muito
agitadas hoje em dia, e isso acaba se refletindo nos meios de entretenimento. Acho.
7-Já que você desenha e escreve,
já pensou em criar algo próprio, um projeto autoral de
quadrinhos ou literatura com
suas histórias e seus personagens?
Estou desenvolvendo. Quem sabe eu consiga criar algo mais pra frente.
Eu e o Al Stefano criamos uma personagem pra extinta METAL PESADO
chamada Lilith.Cheguei a bolar uma origem para ela, mas eu e o Alberto seguimos
caminhos diferentes.
8 - Que você é um profissional
multitarefa, está mais que claro, e faz tudo muito bem. Como
foi a experiência de dar aulas
de arte na Quanta (academia de arte)? O que mais o agradava
e/ou desagradava na rotina de
ensino de artes?
Cara, eu amava dar aulas. Éramos muito amigos (professores), e já
vínhamos trabalhando em HQs para os EUA. Sempre fui muito tímido, e lá meio que funcionava para mim como uma
espécie de terapia, pois hoje em dia nem sou tão reservado como era antes de
dar aulas.
Eu gostava mesmo era do contato com os alunos, de motivar o pessoal.
Era meu verdadeiro dom, acho, pois nunca fui um professor muito técnico e/ou
performático.
O que me desagradou no final foi a rotina. Foram 12 anos dando aulas!
Conversei com o Marcelo Campos e saí de boa. Ele entendeu.
9 - Algum de seus alunos seguiu
ou segue carreira como ilustrador? Pergunto isso, pois como
sabemos, muita gente desiste da
carreira quando se depara com as dificuldades de início de
carreira, prazos, etc.
Nossa, muitos alunos seguiram carreira. Alguns viraram ilustradores,
outros quadrinhistas e outros professores da própria Quanta, além da Impacto e
Abra.
Muita gente! Não dá pra ter ideia.
Alguns viraram amigões pessoais, como o Gilberto Valadares, Alex Coi,
Chris Borges, Samuel Fonseca, Mauro Fodra, David Lee...entre outros.
desenho ou roteiro, talvez as
duas coisas. Como profissional experiente nos dois ramos, que
dica você daria para os que
desejam entrar nestes mercados, ou até mesmo para os que estão em início de
carreira e querem crescer e se manter vivendo de desenho e roteiros?
DESENHAR ou ESCREVER, assim como medicar, advogar ou até jogar futebol
você alcança a excelência através da REPETIÇÃO. Se alguém quer ser desenhista,
tem que desenhar MUITO.
Mas outra coisa é amar o processo, focar no aprendizado constante.
Para conhecer melhor o trabalho do Edde Wagner, acesse:
Até a próxima entrevista!
2 Comentarios
Clique aqui ComentariosMuito legal a entrevista, Felipe! Eu também gosto dos dois: desenhar e escrever, e gostei bastante de saber um pouco mais sobre o trabalho do Edde Wagner.
ReplyAbraços!
Que bom que gostou, Karen!
ReplyEm breve, novas entrevistas!
Abraços!